De volta ao país, brasileiros sofrem 'síndrome do regresso'
10.05.2013 por: Nome do Autor Brasil
Se ao sair do país o imigrante se cerca de cuidados para amenizar o choque cultural, no retorno a ilusão é de que basta descer do avião para se sentir em casa.
A crise dos países desenvolvidos está levando muitos brasileiros a fazerem as malas de volta para casa. Segundo o Itamaraty, 20% dos que moravam nos EUA e um quarto dos que moravam no Japão já retornaram desde o começo da recessão, em 2008.
O relatório de 2011 sobre a população expatriada sai no fim deste mês, e a taxa de retorno deve ser ainda maior. Há tanta gente comprando a passagem de volta e tanta dificuldade de reintegração ao mercado de trabalho brasileiro que o Itamaraty lançou o "Guia de Retorno ao Brasil", distribuído nas embaixadas.
O caminho de volta pode gerar depressão. É a "síndrome do regresso", termo cunhado pelo neuropsiquiatra Décio Nakagawa para designar certo "jet lag espiritual" que aflige ex-imigrantes.
Morto em 2011, Nakagawa estudava a frustração de brasileiros que voltavam ao país após uma temporada de trabalho em fábricas japonesas.
"A adaptação em um país diferente acontece em seis meses, já a readaptação ao país de origem demora dois anos", diz a psicóloga Kyoko Nakagawa, viúva do psiquiatra e coordenadora do projeto Kaeru, de reintegração de crianças que voltam do Japão. Se ao sair do país o imigrante se cerca de cuidados para amenizar o choque cultural, no retorno a ilusão é de que basta descer do avião para se sentir em casa.
"Retornar é uma nova imigração", diz a psicoterapeuta Sylvia Dantas, coordenadora do projeto de Orientação Intercultural da Unifesp. "A sensação é de que perdemos o bonde, estamos por fora do que deveríamos conhecer como a palma da mão."
Quando voltou do segundo intercâmbio no Canadá, o gerente de marketing Rafael Marques, 33, descobriu que havia ficado para tio: "Todos os meus amigos estavam casados, com outras prioridades. Demorei meses para me situar". Resultado: deprimiu. Recuperado, hoje ele trabalha com intercâmbios.
Para amenizar o estranhamento, a analista de marketing Natasha Pinassi, 34, se refugiou nos amigos feitos durante sua vivência de um ano na Austrália: "Em pouco tempo no Brasil percebi que deveria ter feito minha vida na Austrália. Já não via graça nas pessoas e nos lugares que frequentava antes. Só conversava com brasileiros que conheci no exterior".
A família pouco ajudava: "Não pude falar o que sentia. Eu me culpava por estar sofrendo enquanto meus pais estavam felizes com minha volta", diz Natasha, que tomou antidepressivos para tentar sair desse estado.
A síndrome não é exclusividade dos brasileiros. "Em minhas pesquisas com imigrantes, percebi um sentimento geral de que o país deixado não é o mesmo na volta", diz Caroline Freitas, professora de antropologia da Faculdade Santa Marcelina. "Um português me disse não querer voltar por saber que Portugal já não estaria lá."
Abandono
Quem sofre de síndrome do regresso é frequentemente considerado esnobe. Parentes e amigos têm pouca paciência com quem volta reclamando: "O retorno tem uma significação para aquele que ficou. Junto com saudade, há um sentimento inconsciente de abandono, ressentimento e de inveja daquele que se aventurou", explica Dantas.
Para Nakagawa, amigos costumam simplificar o processo de reintegração: "Há uma pressão para que a pessoa 'se divirta'. Na melhor das intenções, os amigos não respeitam o tempo do viajante".
Se a família também não ajudar, o ideal é procurar um psicólogo com formação intercultural. Em São Paulo, o núcleo intercultural da Unifesp dá orientação gratuita
- See more at: http://www.jornalnegociofechadousa.com/noticias_view.php?noticia=de-volta-ao-pa-s-brasileiros-sofrem-s-ndrome-do-regresso#sthash.kI7WdIIH.dpuf
Se ao sair do país o imigrante se cerca de cuidados para amenizar o choque cultural, no retorno a ilusão é de que basta descer do avião para se sentir em casa.
A crise dos países desenvolvidos está levando muitos brasileiros a fazerem as malas de volta para casa. Segundo o Itamaraty, 20% dos que moravam nos EUA e um quarto dos que moravam no Japão já retornaram desde o começo da recessão, em 2008.
O relatório de 2011 sobre a população expatriada sai no fim deste mês, e a taxa de retorno deve ser ainda maior. Há tanta gente comprando a passagem de volta e tanta dificuldade de reintegração ao mercado de trabalho brasileiro que o Itamaraty lançou o "Guia de Retorno ao Brasil", distribuído nas embaixadas.
O caminho de volta pode gerar depressão. É a "síndrome do regresso", termo cunhado pelo neuropsiquiatra Décio Nakagawa para designar certo "jet lag espiritual" que aflige ex-imigrantes.
Morto em 2011, Nakagawa estudava a frustração de brasileiros que voltavam ao país após uma temporada de trabalho em fábricas japonesas.
"A adaptação em um país diferente acontece em seis meses, já a readaptação ao país de origem demora dois anos", diz a psicóloga Kyoko Nakagawa, viúva do psiquiatra e coordenadora do projeto Kaeru, de reintegração de crianças que voltam do Japão. Se ao sair do país o imigrante se cerca de cuidados para amenizar o choque cultural, no retorno a ilusão é de que basta descer do avião para se sentir em casa.
"Retornar é uma nova imigração", diz a psicoterapeuta Sylvia Dantas, coordenadora do projeto de Orientação Intercultural da Unifesp. "A sensação é de que perdemos o bonde, estamos por fora do que deveríamos conhecer como a palma da mão."
Quando voltou do segundo intercâmbio no Canadá, o gerente de marketing Rafael Marques, 33, descobriu que havia ficado para tio: "Todos os meus amigos estavam casados, com outras prioridades. Demorei meses para me situar". Resultado: deprimiu. Recuperado, hoje ele trabalha com intercâmbios.
Para amenizar o estranhamento, a analista de marketing Natasha Pinassi, 34, se refugiou nos amigos feitos durante sua vivência de um ano na Austrália: "Em pouco tempo no Brasil percebi que deveria ter feito minha vida na Austrália. Já não via graça nas pessoas e nos lugares que frequentava antes. Só conversava com brasileiros que conheci no exterior".
A família pouco ajudava: "Não pude falar o que sentia. Eu me culpava por estar sofrendo enquanto meus pais estavam felizes com minha volta", diz Natasha, que tomou antidepressivos para tentar sair desse estado.
A síndrome não é exclusividade dos brasileiros. "Em minhas pesquisas com imigrantes, percebi um sentimento geral de que o país deixado não é o mesmo na volta", diz Caroline Freitas, professora de antropologia da Faculdade Santa Marcelina. "Um português me disse não querer voltar por saber que Portugal já não estaria lá."
Abandono
Quem sofre de síndrome do regresso é frequentemente considerado esnobe. Parentes e amigos têm pouca paciência com quem volta reclamando: "O retorno tem uma significação para aquele que ficou. Junto com saudade, há um sentimento inconsciente de abandono, ressentimento e de inveja daquele que se aventurou", explica Dantas.
Para Nakagawa, amigos costumam simplificar o processo de reintegração: "Há uma pressão para que a pessoa 'se divirta'. Na melhor das intenções, os amigos não respeitam o tempo do viajante".
Se a família também não ajudar, o ideal é procurar um psicólogo com formação intercultural. Em São Paulo, o núcleo intercultural da Unifesp dá orientação gratuita
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Estados Unidos querem emitir 2 milhões de vistos para brasileiros em 2013
No ano passado, mais de 1 milhão de documentos foram gerados no País
Do portal R7.com
O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, disse nesta terça-feira (22) que a meta de emitir mil vistos por dia poderá ser ampliada e informou que a emissão de vistos para brasileiros deverá dobrar em 2013.
— No ano passado, emitimos 1 milhão de vistos, mas estamos construindo capacidade para emitir 2 milhões de vistos.
Porto Alegre (RS) poderá emitir vistos para os EUA ainda em 2013
A declaração de Shannon ocorreu durante a cerimônia que oficializou a reabertura de consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre hoje, como noticiou o jornal Correio do Povo.
O embaixador disse que existe a possibilidade de os gaúchos começarem a requisitar vistos ainda em 2013.
O advogado Marcino Rodrigues, que mediou o processo de reabertura do consulado, destacou a conquista para a região Sul.
— Estamos realizando um sonho de gaúchos e talvez dos catarinenses que estão próximos. O firmamento desse contrato locatício tem significado muito maior que isso. É uma boa notícia para o Rio Grande do Sul.
Em 2012, os consulados e a embaixada dos Estados Unidos no Brasil processaram 1,020 milhão de vistos para os brasileiros. São Paulo (SP) respondeu pela maior parte, com a emissão de 527,2 mil documentos.
Em segundo lugar, ficou o Rio de Janeiro (RJ), com mais de 292 mil vistos concedidos. Brasília (DF) apareceu na terceira colocação, com 123 mil vistos e, por fim, o consulado do Recife (PE) gerou 78 mil vistos.
O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, disse nesta terça-feira (22) que a meta de emitir mil vistos por dia poderá ser ampliada e informou que a emissão de vistos para brasileiros deverá dobrar em 2013.
— No ano passado, emitimos 1 milhão de vistos, mas estamos construindo capacidade para emitir 2 milhões de vistos.
Porto Alegre (RS) poderá emitir vistos para os EUA ainda em 2013
A declaração de Shannon ocorreu durante a cerimônia que oficializou a reabertura de consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre hoje, como noticiou o jornal Correio do Povo.
O embaixador disse que existe a possibilidade de os gaúchos começarem a requisitar vistos ainda em 2013.
O advogado Marcino Rodrigues, que mediou o processo de reabertura do consulado, destacou a conquista para a região Sul.
— Estamos realizando um sonho de gaúchos e talvez dos catarinenses que estão próximos. O firmamento desse contrato locatício tem significado muito maior que isso. É uma boa notícia para o Rio Grande do Sul.
Em 2012, os consulados e a embaixada dos Estados Unidos no Brasil processaram 1,020 milhão de vistos para os brasileiros. São Paulo (SP) respondeu pela maior parte, com a emissão de 527,2 mil documentos.
Em segundo lugar, ficou o Rio de Janeiro (RJ), com mais de 292 mil vistos concedidos. Brasília (DF) apareceu na terceira colocação, com 123 mil vistos e, por fim, o consulado do Recife (PE) gerou 78 mil vistos.
Demora na devolução de passaportes
com VISTOS aos EUA prejudica brasileiros
Os atrasos para devolver o documento em casa começaram depois de uma disputa entre os Correios e a empresa particular DHL para saber quem tem direito de prestar esse serviço.
Brasileiros que obtiveram o visto para viajar aos Estados Unidos têm enfrentado muitos transtornos na hora de receber o passaporte de volta.
O horário marcado na senha já tinha passado, mas a empresária Selma Sena ainda se agarrava a ela como esperança de viajar. A filha mora nos Estados Unidos e está grávida. Precisa da ajuda dela. Mas o passaporte está retido desde novembro.
“Preciso ir, porque é caso de saúde. Ela está grávida, está de risco, está na cama. A gente precisa cuidar e levar tudo na mão”, conta ela.
O consulado retém o passaporte de quem pede visto americano por alguns dias. Mas os atrasos para devolver o documento em casa começaram depois de uma disputa entre os Correios e a empresa particular DHL para saber quem tem direito de prestar esse serviço. Enquanto a disputa na Justiça não era julgada, o consulado em São Paulo passou um mês sem enviar os passaportes. Nesse período, as reclamações aumentaram.
“Eu estou tentando entrar em contato com o consulado faz dois meses e meio e nada”, diz o estudante Marcelo Messias.
A DHL conseguiu na Justiça o direito de voltar a fazer a entrega os passaportes. Mas como são milhares de documentos que precisam ser devolvidos ao mesmo tempo, o consulado americano decidiu, também, devolver os passaportes diretamente a quem pediu o visto, em postos. Mas os problemas não terminaram.
As pessoas que agendaram hora para buscar os passaportes e as que chegaram cedo para pegar uma senha vão ter que esperar mais um pouco. Uma outra fila está sendo organizada. Às 15h30, os responsáveis por um centro de atendimento estavam pegando os nomes de quem tinha viagem marcada para hoje para ver se conseguiam encontrar os passaportes.
O professor Samir Mamud deveria ter viajado na sexta-feira passada. Ele ia trabalhar em Orlando, nos Estados Unidos. Sem o passaporte, teve que remarcar a passagem três vezes. Mas o empregador só esperaria até esta sexta. O documento dele não foi encontrado e, de novo, ele perdeu a viagem.
“A gente constrói um sonho. Saí de dois empregos para poder viajar. Perdi tudo, estou sem nada agora”, desabafou.
Os Correios afirmaram que vão recorrer da decisão judicial para voltar a entregar os documentos. A DHL declarou que faz a distribuição assim que recebe os passaportes do consulado, e o consulado americano em São Paulo não comentou os atrasos, nem informou quantos documentos estão retidos. O Itamaraty convidou representantes da embaixada americana para darem explicações.
Brasileiros que obtiveram o visto para viajar aos Estados Unidos têm enfrentado muitos transtornos na hora de receber o passaporte de volta.
O horário marcado na senha já tinha passado, mas a empresária Selma Sena ainda se agarrava a ela como esperança de viajar. A filha mora nos Estados Unidos e está grávida. Precisa da ajuda dela. Mas o passaporte está retido desde novembro.
“Preciso ir, porque é caso de saúde. Ela está grávida, está de risco, está na cama. A gente precisa cuidar e levar tudo na mão”, conta ela.
O consulado retém o passaporte de quem pede visto americano por alguns dias. Mas os atrasos para devolver o documento em casa começaram depois de uma disputa entre os Correios e a empresa particular DHL para saber quem tem direito de prestar esse serviço. Enquanto a disputa na Justiça não era julgada, o consulado em São Paulo passou um mês sem enviar os passaportes. Nesse período, as reclamações aumentaram.
“Eu estou tentando entrar em contato com o consulado faz dois meses e meio e nada”, diz o estudante Marcelo Messias.
A DHL conseguiu na Justiça o direito de voltar a fazer a entrega os passaportes. Mas como são milhares de documentos que precisam ser devolvidos ao mesmo tempo, o consulado americano decidiu, também, devolver os passaportes diretamente a quem pediu o visto, em postos. Mas os problemas não terminaram.
As pessoas que agendaram hora para buscar os passaportes e as que chegaram cedo para pegar uma senha vão ter que esperar mais um pouco. Uma outra fila está sendo organizada. Às 15h30, os responsáveis por um centro de atendimento estavam pegando os nomes de quem tinha viagem marcada para hoje para ver se conseguiam encontrar os passaportes.
O professor Samir Mamud deveria ter viajado na sexta-feira passada. Ele ia trabalhar em Orlando, nos Estados Unidos. Sem o passaporte, teve que remarcar a passagem três vezes. Mas o empregador só esperaria até esta sexta. O documento dele não foi encontrado e, de novo, ele perdeu a viagem.
“A gente constrói um sonho. Saí de dois empregos para poder viajar. Perdi tudo, estou sem nada agora”, desabafou.
Os Correios afirmaram que vão recorrer da decisão judicial para voltar a entregar os documentos. A DHL declarou que faz a distribuição assim que recebe os passaportes do consulado, e o consulado americano em São Paulo não comentou os atrasos, nem informou quantos documentos estão retidos. O Itamaraty convidou representantes da embaixada americana para darem explicações.